quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O planeta está perdendo...


"Ameaçada. Vista aérea da floresta amazônica, que ainda sofre com o desmatamento ilegal e a extinção de espécies nativas"






  









Em menos de 40 anos, o mundo perdeu 30% de sua biodiversidade.
Nos países tropicais, contudo, a queda foi muito maior:
atingiu 60% da fauna e flora original.
Os dados são do Relatório Planeta Vivo 2010,
publicado a cada dois anos pela organização não governamental WWF.
O relatório, cujas conclusões são consideradas alarmantes pelos ambientalistas,
é produzido em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres
(ZSL, na sigla em inglês) e Global Footprint Network (GFN).
'Os países pobres, frequentemente tropicais,
estão perdendo biodiversidade a uma velocidade muito alta',
afirmou Jim Leape, diretor-geral da WWF Global.
'Enquanto isso, o mundo desenvolvido vive em um falso paraíso,
movido a consumo excessivo e altas emissões de carbono.'
A biodiversidade é medida pelo Índice Planeta Vivo (IPV),
que estuda a saúde de quase 8 mil populações de mais de 2,5 mil espécies desde 1970.
Até 2005, o IPV das áreas temperadas
havia subido 6% - melhora atribuída à maior conservação da natureza,
menor emissão de poluentes e melhor controle dos resíduos.
Nas áreas tropicais, porém, o IPV caiu 60%.
A maior queda foi nas populações de água doce: 70% das espécies desapareceram.
Consumo desenfreado.
A demanda por recursos naturais também aumentou.
Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes.
O relatório afirma que a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
formada por 33 países em geral desenvolvidos,
são responsáveis por 40% da pegada de carbono global,
e emitem cinco vezes mais carbono do que os países mais pobres.
Comparados a ela, os BRICs
(grupo formado pelos países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China)
têm o dobro da população e uma menor emissão de carbono per capita.
O problema, alerta o relatório, é se os BRICs
seguirem no futuro o mesmo padrão de desenvolvimento e consumo da OCDE.
Índia e China, por exemplo,
consomem duas vezes mais recursos naturais
do que a natureza de seu território pode repor.
Atualmente, os países utilizam, em média,
50% mais recursos naturais que o planeta pode suportar.
Se os hábitos de consumo não mudarem, alerta o relatório,
em 2030 se estará consumindo o equivalente a dois planetas.
Em resposta ao levantamento de 2008,
a WWF elaborou um modelo de soluções climáticas,
em que aponta seis ações concretas para
reduzir as emissões de carbono e evitar maiores perdas de biodiversidade.
Entre elas, a organização aponta a necessidade
de investir em eficiência energética,
novas tecnologias para gerar energia com baixa emissão de carbono,
adotar a política de redução da pegada de carbono e impedir a degradação florestal.
PARA LEMBRAR...
De 18 a 29 de outubro aconteceu em Nagoya, no Japão,
a 10ª Conferência das Partes da
Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica.
Criada em 1992, no Rio de Janeiro,
a convenção tinha como principal meta reduzir
significativamente a perda de biodiversidade até 2010.
As Nações Unidas até definiram 2010 como o
Ano Internacional da Biodiversidade,
mas os resultados ainda deixam muito a desejar.
Apesar da meta estabelecida,
o relatório mais recente da ONU mostra que o planeta perdeu
um terço do estoque de seres vivos existente em 1970.
O documento aponta como ameaçadas de extinção
42% das espécies de anfíbios do mundo e
40% das de aves - e estima em US$ 2 trilhões a
US$ 4,5 trilhões o prejuízo mundial anual com desmatamento.
Além da preservação da diversidade biológica mundial,
outro tema deve ter destaque nas negociações:
a repartição dos recursos oriundos da biodiversidade.

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